Passamos a vida achando que as criaturas a nossa volta nunca vão desaparecer, valorizando aqueles que muitas vezes nos desprezam e dando pouco amor àqueles que nos amam incondicionalmente. Fazemos isso porque, como já disse, achamos que as criaturas a nossa volta nunca vão nos abandonar ou nunca vão morrer, achamos que nunca vamos nos ver sem o afeto dessas criaturas especiais. Eu tinha um gato, seu nome era Preto e Branco, mas oficialmente chamava-se Malhado. Era um "grude" como eu as vezes falava. Muito meigo, amoroso, para tomar remédios nunca me unhou. Infelizmente hoje ele nos deixou. Até mesmo quando já estava muito mal era meigo e carinhoso, nos momentos de maior angústia, quando recebia um afago se acalmava fechava os olhinhos. Fiz tudo que podia? Sim, ontem fiz, hoje fiz. Mas e antes, dei-lhe todo o amor que ele merecia? Dei a atenção que ele precisava? Não sei... Lembro mais dos momentos em que era meio grosseira e impaciente e reclamava de seus carinhos excessivos, que dos momentos em que fui carinhosa com ele. Gostaria de voltar naqueles momentos e pensar "Pare de rabugice! Hoje ele está aqui, amanhã, quem sabe?" e ao invés de gritar "Sai gato!", dizer "Calma garoto..." A gente quer voltar no tempo por tantas coisas... Consertar tantas coisas... Sei que hoje cuidei dele, sei que sinto falta dele, mas sei também que fui omissa quando deveria ter dado mais atenção. Infelizmente, dessa vez não tem volta, dessa vez ele se foi e pra sempre... Vai com Deus meu querido e me perdoe por não ter sido boa o suficiente com você.
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