4.7.07

Educação II - Resposta ao primeiro texto de Carlos

Galera, eu não ia mais postar sobre esse assunto aqui, mas como o Carlos fez um comentário e pediu para eu ir no blog dele, bom tenho que insistir no tema. O texto que segue a baixo é a resposta ao texto que ele postou no seu blog: http://carloslavieri.blogspot.com/2007/05/paciencia-de-j-ontem-o-ministro-da.html

Segue a resposta:

" Desculpe, mas não concordo contigo não. Primeiro que não é um ou outrou aluno que chega a 5a. série sem saber ler - quando falo ler, não é não saber identificar letras ou palavras, falo do analfabeto funcional, aquele que sabe ler mas não sabe interpretar o que lê, por conta da dificuldade de interpretação também não consegue se expressar escrevendo - são muitos, muitos mesmo. Esse pessoal termina o fundamental, entra para o médio, passa anos na escola achando que sabe alguma coisa, quando sai dali, se tentam um vestibular ficam de fora, pois não dominam um conteúdo básico, ou como não sabem ler direito são incapazes de interpretar uma questão de prova - fui professora de pré-vestibular comunitário, onde a maior parte é proveniente de escola pública e mesmo dando aula de historia, percebia que a grande dificuldade a maior parte dos alunos é entender o que a questão pede.O problema é que com o fim da reprovação, o que era o ultimo apelo para o aluno estudar, desapareceu. Ouço vários colegas dizendo que mais escutam agora nas escolas que trabalham é que seus alunos dizem na cara deles "estudar para quê? naõ serei reprovado!". E é verdade. Ele não será reprovado, não será cobrado por algo que deveria ter feito e não fez. Seria ingenuidade pensar qeu todas as crianças e jovens que vão a escola é por amor ao ensino e conhecimento. Vão porque é uma cobrança da família, uma cobrança social. Como toda criança prefeririam ficar brincando em casa ou na rua que ir a escola. Entretanto a escola existe e quem nela esta deve se enquadrar a determinadas regras. A existência de regras, cobranças, limites é algo normal em qualquer tipo de instituição e relacionamentos, mesmo quando as mesmas não estão explicitas. Até mesmo no grupo familiar, ou grupo de amigos, existem regras e quem não as segue, acaba sofrendo sanções. Eu concordo com você quando diz que reprovação não melhora a educação. Reprovação melhora o ensino? Não. Muito menos a aprovação automática. Esta gera sim altos índices de aprovação que beneficiam e muito os governos municipais e estaduais, mas para o aluno e para o professor continua a mesma coisa. Acho inclusive que o fim da reprovação agrava a imagem da escola pública, que passa a ser vista como instituição de fachada onde só param os que realmente não tem muita perspectiva de vida. E um outro detalhe, esse tipo de escola que você citou, onde os pais cobram dos professores, são escolas onde existe reprovação, não tenha dúvida disso. São escolas de classe média, e os alunos que ali estão, não se engane, não têm interesse pelo conhecimento, têm interesse assim como seus pais em um lugar no mercado de trabalho. O que dizer de um projeto de ensino como da Escola Pentágono, aqui do Rio, onde o estudante passa o ensino médio inteiro se concentrando em estudar para o vestibular? Isso é educação? E não tenha dúvida que nessa escola existe reprovação, assim como existe reprovação no Santo Inácio, no Cefet, no Pedro II, na Federal de Química e etc...Todas escolas de ponta. O problema não é reprovação ou aprovação, realmente, mas a reprovação é o ultimo recurso d professor para fazer um aluno que não tem incentivo em casa, nem do meio em que vive, nem do governo, visto a situação de várias escolas publicas, para estudar. É triste isso? Sim. Não deveria ser assim? Não, não deveria. Mas é assim que as coisas são e acabar com a reprovação não resolve o problema que é muito mais profundo, só agrava e beneficia as estatísticas governamentais.
Ah, sim, você diz: "...educação de qualidade passa por poucos alunos na sala, envolvimento da família e da comunidade, e BONS professores. Não é o salário do professor, é o preparo.". Bom, como o professo pode se preparar, pode se dedicar as suas turmas em uma única escola se o salário de uma única escola não paga seu aluguel? Pois, é, professor é um trabalhador como outro qualquer, tem que comer, tem que pagar a luz, água, tem família para sustentar, tem que pagar aluguel e tem, obviamente, de se manter atualizado, visto que desenvolve um trabalho intelectual. Mas ganhando pouco mais de 400 reais, essa é a remuneração de um professor da rede estadual no Rio de Janeiro, fica meio difícil. Essa modelo de professor que você propõe poderia existir se ele fosse remunerado dignamente nas instituições de ensino públicas, coisa que não acontece. O governo oferece cursos de aperfeiçoamento? Sim, oferece. Mas o professor não pode ir, pois ele esta trabalhando em outra escola. Final de semana? Bom, o final de semana, para qualquer trabalhador é para o lazer, para fazer coisa que ele gosta e não coisas relacionadas ao trabalho. Mesmo assim é comum vermos a maior parte dos professores passando fins de semana inteiros corrigindo provas e trabalhos. Então como ele vai se aperfeiçoar, como vai se preparar?A situação é complicada até mesmo na rede particular. Poucas escolas querem contratar. A maior parte quer pagar hora/aula que é uma merreca. Então o cara tem que trabalhar como um louco para se sustentar e não consegue criar um laço, um envolvimento com a escola e com seus aluno, o que, na minha opinião, é um fator importante para que ocorra ensino e aprendizado de qualidade. "


Um comentário:

Anônimo disse...

Aplausos de pé para td q foi dito aqui.Sou educadora a 11 anos e estava procurando no google algo enfático para ser discutido em reunião com a coordenadoria com o tema "Reprovação" e encontrei sua página.
Obrigada por me oferecer essa riqueza de opnião.
Um abraço
Renata
(nnathynha@yahoo.com.br)