6.6.07

Educação - Cadê a democracia?! e outros comentários...

"Esse assunto tem que ser discutido por educadores não pela Câmara. É como se os vereadores quisessem resolver, por decreto, que remédio um médico deveria receitar para os seus pacientes"

Berta VAlle - Coordenadora do curso de Pedagogia da Uerj - O Globo. 06-06-2007




Com certeza a ilustríssima pedagoga, não ficou sabendo da manifestação de professores, pais e alunos das escolas municipais, contra a Resolução 946, há duas semanas atrás em frente ao prédio da prefeitura, na Cidade Nova. E, se não me engano, a Câmara é um foro de debate da sociedade e a resolução 946 provocou polêmica sobre os rumos do sistema de ensino no Rio de Janeiro. É mais que legítimo que tal caso fosse levado a Câmara, é exercício de cidadania!
O que a ilustre pedagoga pensa? Que educação é assunto para o círculo fechado de especialistas e não para a sociedade? Que somente pedagogos com pós-doutorado, super especializados, com NBA e etc., podem resolver sobre os rumos para educação dos cidadãos dessa cidade? Que a manifestação popular contrária a tal resolução não tem valor, porque os envolvidos "nada entendem de educação"? O que os vereadores fizeram foi ceder a pressão dos organismos representativos da sociedade civil. Se tais organismos não tivessem feito pressão, se manifestado, ido para a rua, os ilustres vereadores nem tomariam conhecimento do caso e a resolução 946 seria posta em prática mesmo indo contra o desejo da maior parte do segmento social envolvido.
Não sei que educação pode propor alguém que adota o mesmo discurso dos economistas e técnicos governamentais, deslegitimando o exercício da cidadania em prol do exercício da técnica (no caso as "infalíveis" teorias pedagógicas).
* * * *

A resolução 946, implanta o sistema de ciclos, aprovação automática e cobra a presença dos alunos somente a cada três anos (isso eu não entendi!).
Os sistema de ciclos, que substitui o sistema de seriação, consiste em períodos mais longos para o aprendizado e avaliação do aluno. Corresponderiam às etapas de desenvolvimento educacional do aluno. O professor teria possibilidade de avaliar individualmente cada aluno, observando seu desenvolvimento através de trabalhos e participação nas atividades - o aluno aprenderia no seu ritmo. A aprovação automática se justificaria pelo espírito da educação que se quer inclusiva. A reprovação x aprovação, acaba com esse caráter uma vez que se estabelece uma meta a ser alcançada (a aprovação), supondo-se que quem não a alcança é um fracassado, fazendo com que alunos se atrasem, ocasionando provavelmente a evasão escolar. Segundo os pedagogos, o fim da reprovação acabaria com o trauma que ela causa no aluno.

Eu, assim como toda a torcida do Flamengo, sou contra isso! O sistema de ciclos acho até uma coisa a ser pensada e discutida, até implantada em pequena escala para ver como se desenvolve, mas a aprovação automática é apenas um mecanismo do governo para obter índices de aprovação estratosféricos (o que não significa melhoria no processo ensino aprendizado) e com isso, benefícios do governo federal e orgãos de ajuda internacional. É implantar por baixo de uma maquiagem pesada e de mal gosto, metas da ONU e Unesco, há anos estabelecidas para o desenvolvimento educacional dos países subdesenvolvidos - sem eufemismos, ta bom! somos subdesenvolvidos mesmo! Longe de preocupação com o trauma dos reprovados, há a preocupação com os números. Se o interesse fosse educaçao de qualidade, não lotariam turmas com mais de 40 alunos, nem apagariam uma merreca ao professor. As escolas teriam funcionários suficientes para suas bibliotecas funcionarem até para o supletivo, teriam psicólogos e fonoaudiólogos atuando dentro das escolas. Entretanto o que vemos são escolas públicas depedradas, sem professores suficientes, sem funcionários.
Além do mais, desde que o homem criou regras, começaram a existir sociedades, e desde então o homem é um eterno frustrado, pois não pode fazer o que bem entende. A escola não esta descolada da sociedade e funciona sim através do eixo recompensa-punição. É claro que esses parametros podem ser relativizados, mas nunca abandonados, pois a escola se tornaria uma Babel, e uma instituição alienada da realidade em que vivemos, alienada das regras básicas sobre as quais se estruturam todas as sociedades humanas.

11 comentários:

diggs disse...

Bom, eu nunca vi a reprovação como uma punição, mas sim como uma nova chance de aprender o que não ficou claro da primeira vez.

É ridículo passar um aluno que não sabe de nada. Se quer saber, chega a ser maldade. Pois ele nunca vai conseguir acompanhar a turma e vai se sentir sempre o mais burro da classe.

Mas o brasil é assim. Uma grande piada de mal gosto. Com analfabetos que passam em vestibulares e cegos que tiram carta de motorista... a lei do menor esforço impera aqui! Ê Gerson!

Sâmia disse...

Então, Vivi (mudando rápido de assunto, pq nem quero comentar esses absurdos da educação que temos neste país - e na deseducação em que querem transformá-la), eu também achei bacana o cabeçalho novo. Foi um amigo que fez, a partir de umas imagens que achei numa revista da Folha, de calçadas do Rio e SP, símbolos das duas cidades.
Dá pra alterar o cabeçalho, e inserir a imagem que você quiser, lá na opção layout/elementos da página/editar cabeçalho. É mole, mole!
Beijão!

Anônimo disse...

Eu concordo com vc. Provavelmente essa pedagoga não ministra aulas, não encara uma sala de aula todos os dias. Provavelmente ela só senta em uma sala, fica tranquila e escreve seus artigos com todas as soluções.......... é realmente muito fácil.
TEM QUE HAVER REPROVAÇÃO SIM.
O colégio onde trabalho, não reprova, alunos brincam o ano todo, não realizam as atividades e logo, não aprendem. Pois, a coordenação passa os alunos. O que acontece? O aluno tira o sarro da cara do professor.
__Ah, pra que fazer isso? pra que estudar, no final eu passo igual aos outros. Besta é quem estuda.
E o professor fica com cara de PALHAÇO!!

Anônimo disse...

Pois é...Viviane realmente isso acontece aos montes, eu mesma vejo isso todo o tempo.É uma vergonha, o governa deixar esse tipo de coisa acontecer.Apesar de toda a minha vida de ensino médio e fundamental ter sido numa escola pública casos assim são mais comuns do que imagina.Beijuuss

Vi disse...

To pensando em mandar um projeto de lei para o Congresso envolvendo pedagogos, pás e poços artesianos no semi-árido nordestino.

Beijos.

Vi disse...

P.S.
To esperando o texto sobre van gogh!!!

Beijo!

Ana Paula disse...

Olá Viviane! Sou a Ana amiga da Sâmia e vejo sempre seus comentário no blog dela e às vezes venho aqui bisbilhotar o seu. Vi que mora em Magalhães Bastos e resolvi fazer uma divulgação. Sei que não é uma coisa muito bonita de se fazer num blog, mas é por uma boa causa! Não sei se você já sabe, mas inaugurou em Bangu, um Cinema muito legal (Rua da Feira 470 - paralela a rua da ferrovia), onde passam filmes fora do circuito comercial. Estou fazendo maior boca-a-boca para ver se o espaço resiste! Afinal, é um saco a gente ter que se despencar pra tão longe pra ver um filme legal! Se ainda não foi, dê um pulo lá e espalhe a notícia também! Abraços.

Unknown disse...

Que legal que gostou do só dói! Agora ficamos uma bisbilhotando o blog da outra então! rsrs. Bjs e força no boca-a-boca!

Salomão disse...

Oi, caí aqui "acidentalmente"... Discordo de algumas coisas que disse... veja em:

http://carloslavieri.blogspot.com/2007/05/paciencia-de-j-ontem-o-ministro-da.html

Parabéns pelo Blog.

Salomão disse...

Vixe, pelo visto vamos longe:

http://carloslavieri.blogspot.com/2007/07/ainda-sobre-repetncia.html

Salomão disse...

O link tá aqui:Repetência