Em resposta ao segundo texto do Carlos (http://carloslavieri.blogspot.com/2007/07/ainda-sobre-repetncia.html)
Respondendo ao segundo post:
1 - Pois é, o salário do professor na Alemanha é dez vezes mais que no Brasil, o salário do encanador também, mas a economia na Alemanha não e como a nossa. Quanto é um aluguel na alemanha? Quanto custam os livros na Alemanha? Como é o serviço médico na Alemanha? Como são as escolas na Alemanha? Como é a postura do governo alemão em relação a educação e outros direitos sociais?
2 - Sim, existem projetos em que o professor muitas vezes não ganha nada, mas como é que ele vive? Onde ele vive, quais são suas necessidades? O que estou querendo dizer é que essas são situações pontuais, de locais onde muitas vezes o professor é do próprio lugarejo como ocorre no interior do nordeste, de minas, e do norte. Onde ninguém tem nada, absolutamente nada. Isso é correto? Não, não é. Se é absurdo lá, imagine em cidades grandes como Rio e São Paulo? O professor é um formador de opinião, é um pesquisador, não é só pegar o livro e repetir, é ler, estudar, e o cara só pode desempenhar sua função como tal, se estiver intelectualmente preparado. Não estou desmerecendo o trabalho das professoras do interior nordestino, só estou dizendo que aquilo é para "quebrar um galho", mas num país como o nosso, o tapa buraco acaba virando remendo eterno, que vai ficando roto com o tempo e as pessoas, a opinião publica e até uma parcela da intelectualidade romântica, acha lido e começa a idealizar, achando que aquilo é o certo. Só quem dá aula numa sala de paredes de estuque, teto de palhoça, sem quadro, sabe o que é isso e se enquadra porque é única alternativa que tem, mas se pudesse mudar aquilo, mudaria sim. Mas é preciso que fique claro que essa situação de não remuneração, de condições precarias do exercício do magistério e do ensino e aprendizado não pode uma regra, pois então seria necessário também que todos os profissionais liberais trabalhassem de graça, o advogado, o médico, que os alugueis não fossem cobrados, nem o transporte. Nós voltaríamos então ao tempo do escambo! O dia que isso acontecer aqui no Rio, ou em São Paulo, ou em qualquer outro lugar, eu trabalharia de graça todos os dias e muito feliz.
3 – É pouco R$ 400,00? Não, não é pouco. É uma miséria para um professor que encarou por 4 ou 5 anos uma faculdade! Isso não ficou claro, ganha 400 reais o professor que tem nível universitário, os professores as séries iniciais do fundamental, que só tem formação ao nivel de segundo grau (normal) ganham ainda menos para trabalhar muito mais, e desemprenhar um trabalho de maior responsabilidade, visto que eles são fundamentais para a formação do aluno. Ou seja, as duas situações são absurdas e desvalorizantes! Ambos deveriam ganhar o mesmo salário e deveria ser um salário digno, de acordo com todo o esforço que ambos tiveram para se formar e que ainda têm em trabalho.
4 – 40% da turma sendo reprovada? 60%? Olha, eu fui aluna da rede municipal e estadual e nunca vi isso. Muito pelo contrário, o que todos sabíamos é que o professor não podia fazer isso, pois era chamado na regional para prestar esclarecimentos e ser devidamente punido. A direção nem permitia que o professor cometesse tal ato.
5 – 3 meses de férias? Onde você viu isso? Nas férias de julho, enquanto os alunos são liberados, os professores ficam até o meio do mês na escolha entregando notas e participando de conselhos. No fim do ano ocorre a mesma coisa, o professor fica até mais ou menos dia 20 de dezembro fechando o ano e retorna entre a ultima semana e janeiro e o início de fevereiro para iniciar o planejamento junto como todo o corpo docente. Não sei como acontece em São Paulo, mas aqui no Rio é assim, por tanto o professor, assim como os alunos têm no máximo dois meses de férias. Ora, não tenho informação, mas creio que em todos os países existe um recesso escolar no meio e no fim do ano. Além do mais o trabalho intelectual, assim como o braçal, esgota, cansa, tanto o professor quanto o aluno. É necessário um recesso até mesmo para a escola se preparar para começar o novo ano letivo.
6 - Falta professor? Sim, falta, pois o estado não chama os concursados, so contrata e ainda assim contata pouco.
Em momento algum eu livro a cara dos professores. Já cansei de ver colegas que mal começaram na profissão e já estão avacalhando, achando que têm que ter platéia, que o aluno deve estar ali sentadinho louco para absorver todo o seu saber, que reprova aluno na oitava série ou no terceiro ano do ensino médio. Isso ainda acontece nos dias de hoje. Entretanto existe muita gente boa por aí, muito bom profissional, que se esforçam, que estão sempre buscando novas formas de estimular os alunos, apesar de ganharem mal, de trabalhaem dentro de uma estrutura ruim e falida, apesar de passarem por situações de risco e de muitas vezes não obterem o devido respeito por parte dos alunos. Ou seja situações completamente desestimulantes. Satanizar a figura do professor é o mesmo que satanizar a figura do aluno, como alguns professores fazem. Dizer que o professor não gosta de trabalhar é o mesmo que dizer que o aluno não gosta de aprender. Aí é chover no molhado.
Penso que as instituições de ensino devem ter regras e cobranças sim, a reprovação é uma delas, da qual não se deve abrir mão. O professor tem de ser remunerado de forma adequada a sua formação e sua responsabilidade, pois do jeito que está não é nem uma questão de valorização, é de sobrevivência. A profissão de professor não é apenas sacerdócio, é carrreira sim, e das mais importantes, e como tal deve ter uma remuneração adequada.
Agora, eu concordo com você sim quando você diz que tem de haver uma integração entre a escola e o bairro. Só que isso não depende apenas do professor, depende de uma direção escolar que quera levar um projeto desse tipo a frente, depende de propagandas que estimulem esse hábito também na população, pois não é difícil ver mães e pais que nem a uma reunião de turma vão. Tem que ter um trabalho conjunto de psicólogos, assistentes sociais, juntamente com o corpo docente, pois o professor não pode carregar o mundo nas costas. Ou seja depende de toda uma estrutura montada para que dê certo, ocorre que apesar de muito se falar, pouco se faz a respeito.
Agora, o que muito se faz também é jogar a culpa do fracasso educacional no Brasil em cima do professor. Eu realmente concordo com você numa outra coisa, é hora de parar de reclamar sim, mas para exigir direitos e mudanças através da instituição represetneativa da classe como ocorreu no caso da aprovação automática. Aquela articulação vista entre sindicato, professores, alunos e pais não deve ser pondutal, mas sim uma constante, principalmente na exigência de uma escola pública digna, o que não é favor, é direito.
3 comentários:
Viviane,
N�o me entenda mal. Tamb�m n�o quero satanizar o professor, se assim pareceu, foi porque estava tentando contrapor a uma vis�o que coloca o professor como "coitadinho" nessa hist�ria toda.
"Eu realmente concordo com voc� numa outra coisa, � hora de parar de reclamar sim, mas para exigir direitos e mudan�as atrav�s da institui�o representativa da classe como ocorreu no caso da aprova�o autom�tica." - Pois � mas se n�o se sabe o que exigir, te garanto que apenas sal�rio n�o vai resolver... � apenas isso.
Gostei dessa conversa, n�o sabia que a situa�o no Rio estava t�o ruim (s�lario de 400 paus realmente � uma vergonha). Aparecerei aqui eventualmente.
ABs.
Carlos
Vivi!
gostei de ler essa reclamação aqui!
essa discussão tem q ser levada adiante .. e tem que ganhar o mundo! talvez pareça loucura o q digo, mas é fato que hj tanto alunos como professores estão desmotivados por vários motivos q vc mesmo citou. Mas ainda nos resta a esperança de saber q tem professores q querem apreender a ensinar e alunos dispostos a ensinar o que querem apreender, tentando encontrar juntos um denominador comum. Eu continuo na esperança de apreender mais com os educandos do que talvez eu ensinando a eles a geografia e a arte de fazer cidadania. Sei q isso não é tarefa de um mas de um conjunto ... mas q na maioria os que querem andam sozinhos pois não encontram seus pares.
Beijos no teu coração.
Que a lição da vida seje tão importante quanto a do conhecimento adquirido.
PAX ET BOUN
Zerfas
Vivi, vou passar por cima de toda a polêmica aí, nem vou ler nenhum texto agora, infelizmente. Passei só pra te contar que estou no bairro Palermo, que é uma graça, e tô adorando tudo. Tô estudando roteiro de cinema, e, até agora, náo comi ninguém (hahahahah).
Tá um frio da porra aqui e tô adorando pagar 70 centavos no metrô (70 centavos de peso, que dá menos de 50 centavos de real). Tô estragando meu espanhol madrileño com esse argentinês safado, mas tô me divertindo com isso, já que minha única diversáo tem sido olhar vitrines.
Bom, ainda tenho 20 dias pra me recuperar dos traumas, e rezar todas as noites pra nevar outra vez.
Pode deixar que estou me cuidando direitinho, ainda que continue sem vestimentas adequadas para o frio (se em SP meus amigos dizem que meu guarda roupa é demasiadamente carioca, imaginou tudo, né?)
Bom, fica bem.
Beijóes de saudades!!!
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