20.11.10

Eu, Robo

Há cerca de um mês terminei de ler Eu Robô. Eu Robô é um clássico da ficção cientifica escrito há mais de cinqüenta anos por Isaac Asimov. O livro é composto de uma série de contos sobre robôs, o fio condutor é Susan Calvin, robopsicanalista, uma psicóloga especialista em robôs. Através das entrevistas e histórias contadas por Susan a um jornalista, que deseja escrever sobre o passado dos robôs, suas origens antes deles dirigirem a terra, conhecemos o universo imaginado por Asimov. 
Sim, leitores, o livro parte de um futuro onde a terra é completamente dirigida por robôs e faz uma viagem inversa, através das histórias narradas por Susan, entendemos como os robôs começaram a se relacionar com os humanos, como os humanos foram deixando cada vez mais a responsabilidade sobre os rumos da humanidade nas mãos dos robôs. Isso só foi possível através do desenvolvimento de um cérebro que nada tem de rudimentar, um cérebro que dá a cada robô uma determinada personalidade. 
O livro é maravilhoso e o universo criado por Asimov é perfeitamente crível. Não, os robôs dominam o mundo mas não através de uma grande guerra, como em “O exterminador do futuro”.O ano de 2070 imaginado por Asimov não tem nada de catastrófico, nada de feio, nada de destruição, mas há algo de trágico no ar. Talvez a percepção objetiva e clara de que a Terra está melhor nas mãos de robôs que dos próprios seres humanos.
A forma como Asimov escreve é simples, desprovida de muitos devaneios filosóficos sobre a humanidade, entretanto, é um convite à aventura e um tremendo quebra-cabeças de lógica. Em cada conto, com exceção do primeiro e dos dois últimos, Asimov nos apresenta verdadeiros problemas de lógica, jogando com três regras lógicas básicas: as três leis da robótica. Dentre os contos em que os problemas de lógica dão o tom do suspense, os dois melhores são “Brincadeira de pegar” e “O mentiroso”. 
Isso e mais o futuro imaginado por Asimov para a humanidade o diferencia de dois autores de ficção cientifica que eu gosto muito e que já escreveram clássicos: Ray Bradburry e Phillip K. Dicken. Bradburry, que também escreve livros sobre histórias fantásticas, utiliza a ficção científica como crônica de sua época e como crônica do comportamento humano. Dicken viu a terra decadente e destruída pelas mãos do próprio homem. Asimov vê a terra resplandecente, calma e feliz sob a direção e domínio de robôs, para o bem dos seres humanos: pouco dramático, mas amargo e irônico. De maneira geral o livro é fácil e rápido de ler e dá uma vontade danada de ler os outros livros sobre robôs escritos pelo mesmo autor.

3 comentários:

Janaina Cruz disse...

Muitas vezes deixamos em máquinas a responsabilidade de nossa felicidade, sabe um exemplo disso? Um robô chamado computador, hoje nem escrevemos mais cartas a punhos, hoje em dia mandamos e-mails, se algum dia os robôs dominarem o mundo, a culpa será nossa...rs
Amei a dica de livro.

Anônimo disse...

Asimov, o rei dos nerds!
parafuso perdido

André disse...

Nós, robos...