Álvaro de Campos (ou Fernando Pessoa)
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
* Quem é que pode realmente se conhecer? Conhecer alguém significa de fato saber o que lhe vai na alma e no coração? Seriamos todos passageiros solitários na viagem dessa vida? Eu sempre penso nisso quando leio esse poema. Cada um é um baú trancado a sete chaves; e mesmo quando ele é aberto, sempre há um fundo falso, com compartimento secreto, do qual ninguém tem a chave. Ha uma parte intransponível do ser, um o lugar onde a solidão, a terrivel solidão inerente a condição humana, aquela a qual conhecemos em alguns poucos momentos da vida, fica devidamente guardada. Ela so é intelegivel ao proprio ser.
Um comentário:
Vivi, esse poema veio bem a calhar. Tem tudo a ver com o momento que estou vivendo (a parte séria desse momento, e não a fanfarrona sobre a qual escrevi lá no blog).
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
Tão simples e incrível ao mesmo tempo.
E tem resposta pra você lá nos comentários, você viu?
Beijão, garota!
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