24.8.09

Cidadania...



Neste último sábado participamos, eu e minha mãe, de uma passeata por melhorias para o nosso bairro. Magalhães Bastos é um pequeno bairro da zona oeste do Rio, situado entre a Vila Militar, Realengo e Sulacap. Surgido da divisão em 1907 da Fazenda Sapopemba, de propriedade do Conde Sebastião de Pinho. Magalhães tem diversos problemas: ruas que inundam nas enchentes do verão, trânsito intenso nas vias interiores do bairro, o que já resultou em quatro atropelamentos fatais, 2 deles nos últimos meses, ruas mal iluminadas, rios assoreados e etc. Problemas que assolam vários bairros dormitórios. Foi por conta desses problemas que a igreja de São José, já há algum tempo, vem promovendo debates entre os moradores e algumas lideranças políticas da região, o que culminou na passeata do dia 22 de agosto.

O ato foi o máximo e, segundo alguns participantes, moradores muito antigos do bairro, o primeiro ato político de Magalhães Bastos, organizado pela comunidade. A passeata percorreu as ruas onde há mais problemas fazendo paradas em pontos estratégicos, onde o locutor ia lendo as reivindicaçãos dos moradores e também a cartas escrita e distribuida no bairro. Na passagem pelas ruas com mais transito foi muito gratificante ver que vários carros abriam as janelas para ver a passeata e pegar a carta que foi distribuida também durate o ato.
Entretanto alguns pontos chamaram minha atenção. Primeiro, o fato de o locutor sempre se referir ao evento como um ato "cívico" e não "político", uma alusão política partidária. Qualquer mobilização popular é um ato político, entretanto e infelizmente a palavra "política" sempre está associada a política partidária e não a cultura política que seria o hábito da participação, do envolvimento nas questões sociais e políticas independentemente de identificação partidária (o que não quer dizer falta de idenficação ideológica). A passeata foi um ato político, talvez o primeiro ato político de mobilização popular realizado no meu pequeno e modesto bairro, o que tem uma importancia absurda para a formação política das pessoas e melhoria da comunidade.
Segundo, apesar dos membros da igreja mais envolvidos estarem divulgando o ato já há algum tempo em todo o bairro, o que incluiu também as igrejas evangélicas e as várias associação de moradores, basicamente eu só vi gente da igreja católica lá. Terceiro, as pessoas da igreja que vi eram praticamente as mesmas que eu esperaria ver num ato político, pessoas mais velhas, da minha idade ou da idade da minha mãe, que já participavam da igreja quando eu ainda frequentava, ou seja há mais ou menos dez anos (tem esse tempo que eu parei de frequentar a igreja).
Em resumo: só se sensibilizaram com o ato aquelas pessoas de uma outra geração, uma geração marcada em maior ou menor grau pela redemocratização. Os únicos jovens que vi são os do grupo jovem, via de regra universitários, e muitas crianças pois estavam acompanhando os pais.
A passeata foi muito válida. Uma das pessoas que participam da igreja e da mobilização política no bairro, disse que em mais de quarenta anos residindo em Magalhães Bastos nunca tinha visto um ato como aquele. Entretanto, há muito o que se fazer ainda. Há que se sensibilizar as pessoas, sobretudo as mais necessitadas que não percebem a importância da mobilização exatamente porque não acreditam na mobilização, não sabem o significado da palavra cidadania, não creem que através da participação política podem mudar suas vidas. Não possuem cultura política. A falta de cultura política não acomete somente os mais pobres , acomete também o remediado, aquele que mora na parte melhorzinha do bairro, com ruas asfaltadas e bem iluminadas. Este possui uma visão individualista de mundo e não se vê como membro da coletividade.
Esse quadro precisa ser mudado e para isso é necessário muita campanha, muita conversa, muito debate. Eu acredito que é possivel! O primeiro passo já foi dado.


Fotos:
* Faixa da pastoral do meio ambiente
* Concentração em frente a igreja da praça da Capelinha
* Algumas participantes da passeata


** Segundo o pesquisador Rogerio Silva, responsável pela construção do site sobre o bairro, o nome Magalhães Bastos se deve ao Coronel Magalhães Bastos que teria sido responsável pela construção da Vila Militar, bairro vizinho.

7 comentários:

Carla S.M. disse...

Que ótimo fazer parte de uma mobilização como esta. Vocês estão de parabéns. E você está certa: atos como este são cruciais para crescimento e expansão dos horizontes de cada indivíduo no que diz respeito à política e a importância que cada um tem na sociedade e seu melhoramento.
Ótimas as fotos em preto e branco. Deu um caráter histórico (digno de historiadora que participa de passeata e escreve belos textos) rsrs
bjs

Romanzeira disse...

Oi Carla! Pois é, somente através da união é que a comunidade tem voz. Mas muita coisa ainda tem de ser feita. O fato de so haver pessoas mais velhas e que quase a totalidade dos participantes eram membros da igreja católica em impressionou bastante.
As fotos eram coloridas mas eu achei mesmo que ficariam melhor em PB exatamente pelo que vc falou: para dar um carater documental e histórico.
Obrigada, e bjos

Ciro disse...

Estão de parabéns mesmo! Quem dera todas as comunidades fizessem atos como esse daí.
Quantos aos jovens, infelizmente é assim mesmo: poucos têm interesse. Nessa idade, o interesse pende para outros lados.
Concordo com tudo o que a C.S. Muhammad disse e também gostei das fotos em P&B.

Abraço!

Magalhães Bastos disse...

a História de surgimento do bairro está toda errada!!! Magalhães Bastos foi sim Tenente Coronel e foi o responsável pela construção da Vila Militar. As terras eram fazenda chamada Sapopemba que pertenciam ao Conde Sebastião do Pinho que faziam parte da Freguesia de Irajá.
Quer saber mais?
Mande um email para rogerio.silva@magalhaesbastos.org

Um forte abraço!

É muito boa a sua divulgação do nosso bairro.

Rogério Silva

Romanzeira disse...

Oi Rogério! Rapaz, mil perdões! Eu realmente não sabia que o ta Cel. Magalhães Bastos era militar mesmo, nem que as terras da Sapopemba pertenciam a outra pessoa. Obrigada e vou colocar uma correção em outro post. Sim, gostaria de saber mais. Vou mmandar um email.
Obrigada.

Rogério Silva disse...

A história continua errada em seu blog. Estou finalizando uma nova página para Magalhães Bastos e solicito autorização para colocar no site o texto sobre a passeata.
Bom domingo

Romanzeira disse...

Oi, Rogério! Não, realmente não corrigi o texto por conta dos comentário. Preferi deixar seu comentário como uma correção.
Mas realmente, fica melhor fazer uma obs no texto.
Vou corrigir já. Grata e está autorizado a deixar a indicação do artigo sobre a passeata no site.

Grata e abraço.