10.12.08

Fotografia e pensamentos perdidos...

Fotografia, antes de qualquer coisa, é observação. É notar algo que ninguém ainda viu, um detalhe, um novo ângulo, a luz exata. Ou seja, muitas vezes fotografia é coisa de momento, é estar no lugar certo, na hora certa e com a máquina na mão e os sentidos aguçados. Hoje eu perdi a oportunidade de fazer boas fotos no centro. Quando saía do IFCS, depois de mais um dia enfrentando a burocracia para legalmente estar formada, fizia um fim de tarde muito bonito. Devia ser aproximadamente 18:30, uma brisa fresca corria pelo Largo de São Francisco feito um bálsamo sobre um dia quente. Quando virei a rua lateral ao prédio percebi que a luz amarelada e fraca era perfeita para fotografar. Percebi também que a árvore que ficava na esquina da rua da Conceição foi retirada. Aquela rua sem a árvore era outro cenário, e disso eu bem sei, porque fiz uma foto lá há alguns anos e aquela árvore estava ali fazendo sombra e deixando escaparem pra minha lente um nacos de sol. Uma das fotos mais bonitas que tenho. Hoje a paisagem era diferente, a luz era diferente.

Ao virar no Buenos Aires, nova paisagem, nova oportunidade, a sensação era de nostalgia. O fim de tarde o barulhos que ainda não era tão intenso, estranhamente poucas pessoas circulavam - bem menos que durante a tarde. No horizonte o sol se punha tímido, recolhido, deixando escapar a juz fraca, bandeirinhas coloridas balançavam na Buenos Aires, e seus velhos prédios de outros tempos, de outras épocas, outras pessoas, permaneciam de pé, testemunhas centenárias de vários e vários poentes igualmente nostalgicos, e de outros talvez mais vorazes.

Enquanto milhares de pensamentos voavam em minha cabeça e meu coração seguia pesado pela incerteza, eu tive tempo para pensar sobre essas imagens. Curiosamente acho que me libertei, sim me libertei de anos de faculdade, e talvez por isso minha mente esteja fresca e arejada e eu possa deixar o olho me guiar para uma paisagem, um cantinho, um momento perdido no cotidiano, que ninguém mais vê, só eu. Pensei no meu bem, em seu olhar lusitano tão bonito que tanto curte essa cidade velha, assim como eu.

Lamentei profundamente ter deixado a máquina em casa.

4 comentários:

Carla S.M. disse...

Viviane,
Seu post foi tão delicado e bonito quanto o seria a fotografia que você não tirou.

Romanzeira disse...

Obrigada, Carla! É sempre boa sua presença por aqui.
Caramba, foi um fim de tarde bonito mesmo. Já que não fotografei pelo menos deixei registrado por escrito.

Sâmia disse...

Imagino como ficariam boas as fotos porque conheço tanto a paisagem que seria retratada, quanto a beleza das fotografias que vc faz.

Mas fotografia também é treinar o olhar, não é? E foi o que vc fez.

Beijo!

Romanzeira disse...

Oi Sâmia! Pois é, fotografia tamém é treinar o olhar e agora que eu estou com a cabeça mais leve - menina foi uma luta pra me formar, mas depois te conto - também estou mais atenta, com o olhar mais solto.

Valeu! Beijo.