17.11.08

E por falar em cinema...


Saiu ontem na Revista O Globo uma matéria muito interessante sobre o Ponto Cine, cinema que só exibe filmes brasileiros e filmes de arte. Nenhuma novidade, não é? Não, nenhuma, existem salas de cinema semelhantes pela cidade como o Odeon BR, o CCBB, Cinemateca do MAM, Cine Maison, na Maison de France, e várias outras. A novida é o fato do Ponto Cine funcionar em Guadalupe, bairro do subúrbio do Rio, e não no centro ou zona sul, como a maior parte dos cinemas com esse tipo de programação.
O Ponto Cine foi criado em 2006, e localiza-se ao lado do Shoping Guadalupe. A entrada custa seis reais e o cinema já recebeu mais de 50 mil pessoas desde sua fundação. A divulgação é feita pelo diretor do cinema, Adailton Medeiros, que percorre o barro e adjacencias numa van exibindo trailers dos filmes em cartaz no cinema. Além da exibição de filmes o cinema ainda mantem projetos como o Dialogos com o Cinema - debate entre profissionais da área de cinema - o Oficine-se, curso que ensina a montar núcleos de cinema e o Pro-social Cinema, patrocinadao pela Petrobrás, que cadastra estudantes e pessoas que não podem pagar pela entrada promovento seções gratuitas.
Por aí a gente vê que o principal bjetivo é aproximar o público da sétima arte, principalmente do que é feito aqui no Brasil, e mostrar que cinema é diversão e diversão é cultura também, e não apenas comédias escatológicas, pau-puro (filme de ação!) ou comédias românticas açucaradas. E que é perfeitamente viável estender o circuito alternativo para os bairros do subúrbio, desde que se atenda às condições socio-econômicas da população.


* * * *

Lembrei de uma discussão sobre cinema da qual participei, num forum, há alguns anos. O foco era o preço da entrada. Caramba, é impossivel para um assalariado freqüentar o cinema - digo freqüentar, fazer da ida ao cinema um hábito, coisa que se repete umas três vezes ao mês - principalmente se a praia do cara é filme "alternativo", filmes fora do circuitão. Os cinemas especializados nesse tipo de filme localizam-se no centro e zona sul. Uma pessoa que mora na baixada e desce de ônibus pasga em média, para ir e voltar, quase 10 reais; mais a entrada inteira no Odeon, 10 reais; mais a pipoca e o "podrão" com refri depois da seção, mais 10 (e eu estou nivelando por baixo, muito baixo por sinal, sem considerar a hipótese dele preferir comer noutro lugra um pouco mais caro, ou tomar uma cerveja com tira-gosto), ou seja no mínimo gasta-se R$ 30, 00, sozinho, sem incluir mais nada, nem ninguém e indo para o Centro, porque se o cara quiser ir ao Espaço de Cinema, Estação Botafogo ou Artepex, teriamos que incluir mais dois ônibus e isso daria um acréscimo de exatamente R$ 4,20. O salário é R$ 480, 00. Tirando os descontos, sobram R$ 400, 00. Uma ida ao cinema por mês é quase 1o% do salário líquido do cara. É muita grana para quem ganha pouco.
Além de que, é uma vergonha o cidadão ter de cruzar a cidade para ir ao cinema!

5 comentários:

Jurandir Paulo disse...

Ótima reportagem. Não sabia deste cinema. É impressionante como vivemos em uma cidade partida, com pouquíssimas informações circulando sobre a nossa cidade. Nossa mídia não ajuda.

Romanzeira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Romanzeira disse...

Rapaz, mas é verdade, as informações não circulam. Guadalupe é praticamente bairro vizinho ao meu e eu não sabia desse cinema até ler a matéria ontem.
A mídia não ajuda mesmo. Os grandes jornais tratam a cidade como se ela so existisse da Tijuca para baixo, são jornais voltados para a classe média tijucana ou morado da zona sul. Os jornais populares, tipo o Extra, são totalmente limitados, a parte cultural quando muito divulga a programação das lonas, fora isso so dá baile funk e show de pagode, ou em termos de cinema, o blockbuster da moda. Nada contra, mas alimento para a cabeça é muito bom, tão bom quando apenas a diversão.

Valeu Jurandir! Apareça sempre.

Sâmia disse...

Vivi também é cultura!
E serviço de utilidade pública!
;p
Beijo, garota!

Zerfas disse...

Moça ! otimo post!
Espero que o lugar ganhe sempre um "gás" novo e não pérca os fieis frequentadores