2.10.08

A cegueira nossa de cada dia



A cegueira nossa de cada dia
É uma cegueira de luz*
Só vemos a praia, sem perceber o calçadão
Só vemos o verde, sem perceber a clareira
Só vemos as ruas pavimentadas e limpas
Percebendo a sarjeta apenas quando ela incomoda

Essa cegueira vem em drops muito doces
Um pouco hoje, outro amanhã
Esperanças mesquinhas
por benefícios particulares
Pequenas ilusões de segurança

Ela é o sim por conveniência
E o não por omissão
O cinismo como filosofia de vida
E a ignorância disfarçada em "verdade"

É uma prece pelos nossos
E agradecimento pela dor do outro



* Não resisti a fazer referência ao Saramago, do qual a obra me inspirou a escrever esse poema.
Imagem: Estudo para a Seqüência do Sonho. Salvador Dalí




4 comentários:

Anônimo disse...

Esse livro é muito federal!

Zerfas disse...

adorei !
continuamos cegos mesmo enxergando somos insolitos diante de tudo.
O mundo é branco, nos o deixamos em plena escuridão.

Vi disse...

Perfeita a referência ao Saramago!
Ó! Tô precisando de outra aula pra usar esse troço, mas só vale ao vivo.
Bjs!

ThinkFloyd61 disse...

Parabéns