
Clássicos são clássicos, não importa quanto tempo passe, eles são inesquecíveis e se justificam por si só. Eles não devem ser adaptados, reescritos, eles apenas devem ser relidos pelo simples deleite de saciar a lembrança de uma ou outra passagem mais bonita ou que nos marcou.
Um dos livros mais belos e poéticos que já li, e que considero um clássico, foi Do Amor e Outros Demônios, de Gabriel Garcia Marques. Ele é simples e talvez o mais romântico do Gabo, cuja marca do romantismo transparece em paixões ardentes, por vezes absurdas e inusitadas.
Em Do Amor..., Gabo narra a história de Sierva Maria, adolescente, filha de um Marques decadente que é apanhada pelo tribunal do Santo Ofício - a história se passa no Colômbia, século XVIII. Padre Cayetano Delaura é incumbido de livrá-la do demônio e assim a tragédia está armada pois eles se apaixonam. Gabo narra de forma muito poética e sutil, tornando esse pequeno livro uma leitura muito especial.
O ambiente criado pelo autor, diferente de seu mais famoso livro - Cem anos de solidão - não é tão mágico, nem guarda o cheiro de velhice, um velho livro amarelado como o de Macondo, porêm Garcia Marques construiu uma atmosfera de opressão sob a aparente calma e exuberância colonial. E uma curiosidade, a história foi concebida quando ele, ainda jornalista, cobria a remoção do conteúdo das criptas do convento de Santa Clara, quando este seria demolido para a construção de um hotel, em 1949 na Colômbia. Vários dos personagens são inspirados nesses que habitavam as criptas, entre os quais Sierva Maria de Todos los Ángeles.
É um lindo livro, com uma linda e triste história de amor, como não se escreve mais hoje em dia. Um pequeno clássico que deve ser lido e relido várias e várias vezes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário