As imagens do centro da cidade me fascinam. Na verdade sempre me fascinaram. Desde que era uma garota de doze anos e passei a freqüentar o centro de três em três meses. Naquela época eu fazia tratamento ortopédico no HTO (Hospital de Traumato-ortopedia), que ficava na Rua do Rezende. Usei aqueles coletes ortopédicos para acertar a coluna, e por isso periodicamente eu tinha que ir ao centro, ao hospital, fazer a revisão. No fim de semana anterior a consulta, eu ia tirar raio-x, sempre aos domingos, e durante a semana vinha a consulta. Era engraçado perceber como o cenário mudava. Final de semana, tudo vazio, os moradores (até então eu nem imaginava que morava gente no centro da cidade, achava que era um local de trabalho, apenas) saiam pra comprar pão, fazer feira, beber nos botecos. Durante a semana, o barulho continuo dos carros, ônibus, buzinas; o caminhar frenético dos passantes, tudo isso misturado.
Quando a consulta demorava, minha mãe ia andar comigo Percorriamos as ruas próximas ao hospital olhando as lojas de moveis antigos. Eu adorava olhar os antiquários da Rua dos Inválidos. Aqueles móveis e objetos velhos, antigos, coisas que lembravam as quinquilharias de minha avó e bisavó. Também gostava das bancas de livros usados (ainda gosto e muito! Acha-se verdadeiras raridades por uma merreca!). Outros camelôs vendiam objetos antigos, todo tipo de objetos, pentes, espelhos, brinquedos, caixinhas, roupas, sapatos. Tudo ficava exposto num trecho da calçada da rua do Resende, acho que na calçada do Inca.
Com o passar dos anos deixei o tratamento sem mesmo receber alta. Eu sou meio assim, indolente, e isso me valeu a má postura que ainda tenho. Mas o centro da cidade não saiu de minha vida, e eu fui fazer faculdade lá, no Largo de São Francisco. Eu passei a observara ainda mais o ambiente, principalmente porque agora estava por minha conta, estava sozinha e não precisava mais seguir minha mãe, não dependia mais dela pra passear comigo. Poderia ir a onde eu quisesse, andar o tempo que quisesse, observar o quanto quisesse.
Desde então meu olhar sobre o centro mudou. O mapa que se formou na minha cabeça não se limitava mais à Presidente Vargas, Campo de Santana, Rua dos Inválidos e Rua do Resende. As fronteiras avançaram e eu descobri que existem inúmeros antiquários e sebos e uma infinidade de coisas bonitas e curiosas no meio do casario antigo que se cruza com as construções novas do Centro do Rio. Até essa percepção dos espaços, de interseção arquitetônica entre um tempo e outro, como uma zona comum onde construções novas que ganham forma a cada dia, ao lado de prédios antigos, eu adquiri ao longo dos anos e devido ao fascínio que esse ambiente exerce sobre mim. Talvez seja esse contraste, essa intersessão, essa dubiedade que me fascina. Que faz essa cidade ser única para mim e um celeiro de belas imagens como essas que coloquei no blog (bom, eu acho belas! Rsrsrsrs). Quanto a rua do Rezende, outro dia eu passei por lá, fui outro dia fui num almoço na casa de um amigo. Achei a maior coincidência ele morar naquela rua que por tantos anos eu freqüentei de três em três meses, e não pude deixar de olhar com mais cuidado aquelas ruas que sempre me fascinaram e que têm um significado especial pra mim. Olhei exatamente pra calçada do Inca e lembrei dos camelôs vendendo suas quinquilharias velhas ali. Senti como se meu passado e meu presente se misturassem, exatamente como o passado e o presente se misturam nas linhas da cidade.
Quando a consulta demorava, minha mãe ia andar comigo Percorriamos as ruas próximas ao hospital olhando as lojas de moveis antigos. Eu adorava olhar os antiquários da Rua dos Inválidos. Aqueles móveis e objetos velhos, antigos, coisas que lembravam as quinquilharias de minha avó e bisavó. Também gostava das bancas de livros usados (ainda gosto e muito! Acha-se verdadeiras raridades por uma merreca!). Outros camelôs vendiam objetos antigos, todo tipo de objetos, pentes, espelhos, brinquedos, caixinhas, roupas, sapatos. Tudo ficava exposto num trecho da calçada da rua do Resende, acho que na calçada do Inca.
Com o passar dos anos deixei o tratamento sem mesmo receber alta. Eu sou meio assim, indolente, e isso me valeu a má postura que ainda tenho. Mas o centro da cidade não saiu de minha vida, e eu fui fazer faculdade lá, no Largo de São Francisco. Eu passei a observara ainda mais o ambiente, principalmente porque agora estava por minha conta, estava sozinha e não precisava mais seguir minha mãe, não dependia mais dela pra passear comigo. Poderia ir a onde eu quisesse, andar o tempo que quisesse, observar o quanto quisesse.
Desde então meu olhar sobre o centro mudou. O mapa que se formou na minha cabeça não se limitava mais à Presidente Vargas, Campo de Santana, Rua dos Inválidos e Rua do Resende. As fronteiras avançaram e eu descobri que existem inúmeros antiquários e sebos e uma infinidade de coisas bonitas e curiosas no meio do casario antigo que se cruza com as construções novas do Centro do Rio. Até essa percepção dos espaços, de interseção arquitetônica entre um tempo e outro, como uma zona comum onde construções novas que ganham forma a cada dia, ao lado de prédios antigos, eu adquiri ao longo dos anos e devido ao fascínio que esse ambiente exerce sobre mim. Talvez seja esse contraste, essa intersessão, essa dubiedade que me fascina. Que faz essa cidade ser única para mim e um celeiro de belas imagens como essas que coloquei no blog (bom, eu acho belas! Rsrsrsrs). Quanto a rua do Rezende, outro dia eu passei por lá, fui outro dia fui num almoço na casa de um amigo. Achei a maior coincidência ele morar naquela rua que por tantos anos eu freqüentei de três em três meses, e não pude deixar de olhar com mais cuidado aquelas ruas que sempre me fascinaram e que têm um significado especial pra mim. Olhei exatamente pra calçada do Inca e lembrei dos camelôs vendendo suas quinquilharias velhas ali. Senti como se meu passado e meu presente se misturassem, exatamente como o passado e o presente se misturam nas linhas da cidade.
6 comentários:
Ah Vivienne que saudade que tenho do Rio, me dá até uma nostalgia ver essas fotos e ler esse texto!!!Muita saudade.Beijuuss
Ai moça, talvez eu não seja tão nostalgica quanto tu; mas continuo vendo a cidade como uma turista, que desembarcou de um onibus e começou a percorrer as grandes avenidas.
As vezes, me sinto perdida no meio da multidão; dai percebo q faço parte daquele cenario e reconheço tudo q está ali... Cada lugar pra mim tem uma história ou varias estórias sobre vida e vivência. Tenho amores eternos por Botafogo por ter nascido lá e quase tudo de bom q me aconteceu tem algo em comum com Botafogo. Vivi é lindo saber quanto podemos reviver e reinventar o mesmo espaço. Beijos mil.
Amo o centro do Rio. Também ia, qdo cça, fazer compras. Quando vou agora, a trabalho, adoro visitar as livrarias de lá. Aqui em SP, o centro é horrivel, não se dá valor ao olhar, ao belo.
Olá.
Como paulistano, amo o Rio( estado).O olho, admiro e frequento.Descobrí-lo, através de fotos, crônicas e poemas, fora um prazer.Se gostaste, ao menos de um só poema,satisfizeste o autor. Então,te linko, pois só retribuo.
Viviane Mag disse...
uai, RAfaela, dê um pulinho aqui! rs.
8:52 PM
Viviane Mag disse...
Ester...
bom, eu não sei se reinvento espaços. Na verdade acho que so percebo o significado dos lugares quado os deixo. Sei la...talvez todo mundo seja assim um pouco. O unico local que tem significado pra mim, assim imediato é o centro. Todos os outros onde ja estive por algum tempo, e desenvolvi alguma relação, eu so percebi quando ja os tinha deixado, ja não estavam na minha vida.
beijão.
8:58 PM
Viviane Mag disse...
Fala Carola! Que pena que em SP é assim, eu tenho muita vontade de conhecer essa Cidade e talvez até fotografar - digo "talvez", porque so depois de um tempo é que eu consigo ver o que quero retratar. Também gostaria de visitar o museu do Ipiranga.
Sobre o Rio, pois é...o centro é lindo e quando vejo essas fotos e todas as coisas boas que tem nessa cidade eu nem penso em deixá-la, como cojitam alguns amigos, por conta da violência.
Apareça sempre.bjs.
9:04 PM
Viviane Mag disse...
Oi Mutações! Também vou te linkar. Eu gostei muito dos seus escritos, muito mesmo, achei muito sutil e bonito.
Nunca fui a São Paulo e como disse pra Carola, gostaria de um dia conhecer e fotografar também.
Estarei sempe pelo seu blog.
bjs.
Quando eu era criança frequentava, aos domingos, um restaurante árabe na Senhor dos Passos. Só quando cresci descobri que o Saara não era o deserto que eu imaginava (perdão pelo trocadilho, hehehe).
O Centro de São Paulo é tão diferente, menina, nem queira conhecer...
Amo o centro do Rio.
Ai, que saudades do tempo do IFCS. :)
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