Beaucoup de mes amis sont venus des nuages | |
Avec soleil et pluie comme simples bagages | |
Ils ont fait la saison des amitiés sincères | |
La plus belle saison des quatre de la terre | |
Ils ont cette douceur des plus beaux paysages | |
Et la fidélité des oiseaux de passage | |
Dans leurs cœurs est gravée une infinie tendresse | |
Mais parfois dans leurs yeux se glisse la tristesse | |
Alors, ils viennent se chauffer chez moi | |
Et toi aussi tu viendras | |
Tu pourras repartir au fin fond des nuages | |
Et de nouveau sourire à bien d'autres visages | |
Donner autour de toi un peu de ta tendresse | |
Lorsqu'un autre voudra te cacher sa tristesse | |
Comme l'on ne sait pas ce que la vie nous donne | |
Il se peut qu'à mon tour je ne sois plus personne | |
S'il me reste un ami qui vraiment me comprenne | |
J'oublierai à la fois mes larmes et mes peines | |
Alors, peut-être je viendrai chez toi | |
Chauffer mon cœur à ton bois Versão em português Muitos de meus amigos vieram das nuvens Com o sol e a chuva como bagagem Fizeram a estação da amizade sinsera, A mais bela das quatro estações da terra Tem a docura das mais belas paisagens A fidelidade dos pássaros migradores E em seu coração está gravada uma ternura infinita, Mas, as vezes, uma tristeza aparece em seus olhos. Então, vêm se aquecer comigo E você também virá Poderá retonrar às nuvens e Sorrir de novo a outros rostos Distribuir a sua volta um puco de sua ternura, Quando alguem quiser esconder sua tristeza Como não sabemos o que a vida nos dá, Talvez eu não seja mais ninguém. Se me resta um amigo que realmente me compreenda, Me esquecerei das lágrimas e penas. Então, talvez eu vá até você aquecer Meu coração com sua chama. |
3.2.10
As Invasões Bárbaras - Reflexões sobre cinema, história e a existência...
Acabei de assistir "As invasões bárbaras". Embora "O Declínio..." tenha um roteiro bom de mais, "As invasões..." é extremamente bonito. Estou sem palavras mais uma vez - sim, pois há seis anos quando o assisti no cinema do Passo foi assim que fiquei, sem palavras... Saí do cinema em lágrimas e pensei nesse filme por vários dias...
Em "As Invasões...", Remy, o protagonista de "O declínio...", tem câncer em estado terminal, por conta disso sua ex-esposa (que ele insiste em tratar ainda como esposa) contacta seu filho mais velho Sebastien, com quem Remy tem um relacionamenteo conturbado, e o incumbe de tornar os últimos dias do pai mais confortáveis e reunir seus amigos. Aparentemente é mais uma história de reconciliação familiar piegas, e seria mesmo se filmada por um diretor e em um grande estúdio norte-americano, mais interessado em atingir as massas com um melodrama conservador e barato para triplicar bilheterias. Entretanto, filmado por Denys Arcand, cineasta canadense, a história é um balanço sensível dos ideais e utopias que permearam o imaginário coletivo de toda uma intelectualidade durante todo o século XX, e tiveram seu apogeu durante a segunda metade deste século mobilizando toda uma geração que sonhou, desejou, cometeu equivocos e lutou por um mundo melhor e pela liberdades dos povos e do homem. Eles vem a tona através de recordações na voz de Remy e seus amigos - o filme é todo cheio de referências à cultural, ideologia, política, hábitos e marcos do século XX.
A morte de Remy significa a morte desses ideais - até mesmo seu apego a vida significa o apego ao seu passado, a relutancia a abrir mão de seus desejos, paixões e convicções - sedendo lugar ao mundo neoliberal conservador e puritano, onde tudo e todos tem um preço e uma forma. Esse mundo está personificado em Sebastien, seu filho, executivo do mercado financeiro, muito bem sucedido, que tem uma vida aparentemente perfeita e um futuro previsível ao lado de Gaëlle, que não o ama mas prefere uma relação destituida de amor e por isso, supostamente, mais segura. Nada mais diferente da vida que Remy levou, permeada de aventuras e paixões.
Diferente de outros moribundos do cinema, Remy não aceita a morte de forma abnegada, muito pelo contrário, ele não quer morrer, e por vezes se revolta contra sua finitude e é ai que entra o existencialismo do roteiro. Quem aceita sua própria finitude quando ela ja está prevista? Podemos conviver com a presença da morte cotidianamente, podemos inclusive falar sobre ela, mas quando ela está anunciada torna-se algo real e inescapável. Essas características fazem de Remy um dos personagens mais humanos e apaixonantes do cinema, e o diferenciam das caricaturas sobre o doente terminal. Remy apesar de estar marcado pelo mundo, por tudo que viveu, apesar de ter visto e vivido mais coisas que a maior parte das pessoas não tem a oportunidade de viver e ver, ele não se sente tendo deixado sua marca no mundo. Queria ter escrito mais, queria reconhecimento, e queria não ser esquecido. Ora, ninguém quer ser esquecido, todos nós, no íntimo, queremos ser lembrados. Fica uma sensação de que a vida é tão curta para tudo que queremos fazer, para tudo que ainda queremos ver, que nunca basta o tempo que tivemos sempre queremos mais ...
Por fim, a profissão do personagem, um historiador, cai como uma luva para as reflexões e o existencialismo que o filme propõe. Nós historiadores, por mais que tentemos olhar de forma crítica e cietífica para a história, ha sempe um componente subjetivo. Falar do passado, na verdade, é falar do presente pois o que somos hoje está impresso por acontecimentos e idéias surgidos muito antes de nosso nascimento. Nosso trabalho é totalmente intelectual, é um trabalho de reflexão sobre a vida de hoje, olhando sempre para trás, sempre para os rastros. O que desejamos? Talvez para tentar entender como o mundo em que vivemos se formou, e para não deixar que nossa existência, pelo menos enquanto sujeitos sociais, se perca, que não sejamos esquecidos.
As Invasões Bárbaras (Les Invasions Barbares)
ano: 2003
País: Canadá
Direção: Denys Arcand
Elenco: Remy Girard (Remy); Stephene Rousseau (Sebastien); Marie Josée Croze (Nathalie)
L'amitié
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4 comentários:
Lindo e comovente.
Soa um pouco com o cine Francês.
bjs
Vi os dois. Federal. O Declínio, diálogos muito legais; Invasões, um baita reflexão.
Oi Ester. Sim, é lindo, lindo de mais esse filme... Todo falado em francês mas é canadense!
Klamber, eu também vi o Declinio e não dá pra comprar um com o outro, são filmes completamente diferentes. O roteiro e os dialogos de Declínio são muito bons; Invasões é muito, muito existencial. Amei Invasões exatamente por conta da pegada existencial e porque o mostra um outro lado do Remy, para além da galinhagem. rs... Aliás, que ator poderoso, hein! O cara é muito bom.
Lembro de ter assistido o trailer deste filme há alguns anos atrás.
Valeu a dica.
Sites que valem a pena:
http://amansim.blogspot.com/
http://anaceciliaromeu.blogspot.com/
Até mais.
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