Habitualmente nunca leio a coluna de José Castello no Prosa e Verso. Já tentei algumas vezes, mas sempre paro antes do meio do texto. Apesar do título que chama atenção, os textos sempre se revelam insossos. Entretanto, hoje o li por completo. Falava de Cortazar e da fantasia que sua obra conserva se aproximando muito da janela aberta que é a imaginação das crianças. Sim, Cortazar tem disso em seus textos. De forma mais sutil que Gabriel Garcia Marques, talvez de uma forma mais triste e urgente ele direcionava suas histórias para o limiar entre o real e a fantasia, de maneira que o leitor é envolvido pelo texto caminhando confortável na própria imaginação. Essa é a sensação que tive ao ler Cortazar, autor que conheci a pouquíssimo tempo, mais por acidente. Uma colega minha de trabalho leu um pequeno texto que ela deu para seus alunos em um trabalho. Na primeira oportunidade comprei num sebo “Todos os fogos, o fogo”, livro clássico do autor. E a sensação que tive ao lê-lo foi de estar navegando num universo em que o real e o imaginário se confundem. Diferente de Gabo, que usa o fantástico como metáfora, Cortazar constrói suas histórias na própria fantasia e isso é que torna a leitura de seus contos, uma delícia.
Lembrei também de quando li Cem anos de Solidão. Tinha 13 anos. Não era uma criança, tampouco, era uma moça ou mulher, estava naquele momento de interseção – onde as fantasias da menina se misturam com as expectativas da mulher. Cem anos foi uma lufada de vento. Comecei a lê-lo de trás para frente – hábito que tenho até hoje, e que, com o tempo, só se intensificou; nunca começo a ler nada pelo início – e o devorei. O livro era mágico, assim como seus personagens, mágicos interpretes do real. Em Macondo vários sentimentos se misturavam, paixões avassaladoras, amores mal resolvidos, os laços que unem e separam as pessoas, as injustiças e os interesses, tudo isso mostrado através de personagens instigantes e inusitados. Depois daquela época nunca mais li Cem anos. Não quero que perca o encanto. A visão das coisas quando se tem 13 anos não é a mesma de quando se tem 31, e eu prefiro ler os outros romances de Gabo com aquela lembrança mágica que “Cem anos” me deixou.
2 comentários:
Pois você tem muito bom gosto. :)
Menina, mas eu não seria nada sem minha tia Sandra. Devo muito a ela meu gosto pela leitura. Essa minha tia me emprestava seus livros quando eu ainda era bem menina. Depois ficou por minha conta.
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