23.4.09

Capitalismo para crianças

Quem disse que não se aprende nada com as criancinhas, aprende-se muito, sobretudo quando a gente senta ao lado delas para ver a programação televisiva direcionadas ao público infantil. Aqui em casa temos tv a cabo e uma coisa que não suporto é a existência de canais de televisão infantis. A idéia de um canal passando desenhos animados durante as 24 horas do dia não me agrada, parece algo sem limites, a hora que ligar a tv tem algum desenho para assistir - tremendo exemplo de sociedade de consumo (eu quero, eu tenho!). Canais infantis também resolvem o problema de pais que não querem dar atenção aos filhos, então deixam o coitadinho lá plantado vendo tv o dia todo.
Mas o detalhe mais sórdido em tudo isso é o tipo de desenho que a molecada anda assistindo. Outro dia estava assistindo com meu sobrinho a Liga da Justiça no SBT, que é um canal aberto, quiquei na poltrona quando um dos personagens chamou a super-heroína de, pasmem, "vadia". Epa, vadia? Que palavreado e falta de respeito é essa em plena dez horas da manhã, numa faixa horária que é direcionada para o público infantil? Quando eu era criança, assistia desenhos de super-herois bem maniqueistas, mas não tinha disso não, ninguem chamava mulher de "vadia", "cachorra", ou similares. Era perfeitamente seguro assistir esses desenhos na presença de uma avó de 70 anos; hoje, está complicado. Contei para a mãe e disse que quando eu tomar conta dele, ele não assiste mais aquele lixo!

Nem o novo desenho do Mickey, um bem bobinho, voltado para o público de dois a cinco anos escapa! Em quase todos os desenhos, num dado momento, aparece o Bafo de Onça, bancando o esperto. Mas esse não é o problema, o problema é que os outros personagens se dobram às espertezas do gatão sem pensar muito. Por exemplo, outro dia estava assistindo o tal desenho com meu sobrinho, Mickey e seus amigos queriam ir ao teatro, a entrada era de graça. Quase no fim do desenho, após várias aventuras eles chegam ao tal teatro, mas quem está na porta cobrando entrada de um espaço que era gratuito, quem?! Bafo de Onça. O que Mickey e seus amigos fazem? Acham o "Mickey objeto" que vai possibilitá-los pagar a entrada e assistir o espetáculo. Epa, mas a entrada não era de graça?! Era, mas Mickey e seus amigos não exigem seus direitos nem ficam indignados com Bafo, dão um jeito de pagar e bola pra frente. É óbvio que, mais uma vez, eu quiquei na poltrona! Como é que é?! Quer dizer que vai cobrar entrada de um espaço gratuito e ninguém vai dizer nada, nem o eternamente nervozo, paranóico e mal humorado Pato Donald?! O que é isso?! O detalhe: essa pérola da animação infantil é "educativa". Sei bem que tipo de idéias e hábitos eles estão querendo passar para a molecada!

Quem tem de filtrar o que o filho assiste são os pais ou o responsável pela criança, mas minha crítica e indignação é quando a ética de alguns desenhos animados voltados, sim, para o público infanto juvenil, que a meu ver está meio torta.

O velho ditado que minha mãe sempre fala, cabe bem aqui: "é de pequenino que se torce o pepino.

So sei de uma coisa, quando eu tomo conta do meu sobrinho, nada de Mickey nem Liga da Justiça e similares!


3 comentários:

Carla S.M. disse...

Viviane,
um dos motivos de eu mandar minha filha de 2 anos e meio para a escolinha é justamente para livrá-la da tv, que, hoje em dia, virou babá de muita gente. Eu a deixava com minha cunhada (recebia para tomar conta dela) e toda vez que eu chegava ou saía de casa lá tava a menina na frente da tv!!! Vendo qualquer porcaria de desenho, pode?

Da Silva disse...

Pode crer, o Bafo de Onça privatizou o teatro público!

Engraçado, eu esperaria isso do Tio Patinhas....

bj

Romanzeira disse...

Oi, Carla! Ainda bem que na escolinha ela não vê tv, pois minha irmã colocou meu sobrinho numa creche onde a televisão fica ligada por algum tempo (so não se sabe quanto tempo...). Minha irmã já reclamou umas duas vezes!
Acho que a criança deve assistir tv porque faz parte da nossa cultura, porem com uma seleção e com limmite pois tudo que é de mais passa da conta.
Mas o pior nisso tudo é o nível dos desenhos animados. Qualquer dia não vai dar para selecionar o que a criança está vendo pois não haverá opção!

POis é, Da Silva, mas mesmo quando o Tio Patinhas tentava passar a perna em algum personagem, sempre aparecia outro que o contestava, ou seja existia o outro lado e isso faz com que a pessoa que está assistindo pense, reflita sobre o conduta do Patinhas, no desenho do Mickey isso não acontece.