22.4.09

Baixada Fluminense - cultura, sociedade, identidade...


Há cerca de duas semanas, comecei a fazer um curso aos sábados sobre cultura e sociedade da Baixada Fluminense. Meu interesse pela região tem duas motivações, uma pessoal e outra profissional. A pessoal é porque parte a minha família mora na Baixada, em Nilópolis. Vários finais de semana da minha infância passei a beira do Campo do Gericinó (campo do exército que separa parte uma parte da zona oeste da Baixada) onde fica a casa da minha avó. O motivo profissional veio ano passado, quando, durante uma das aulas na turma que eu acompanhava no estágio, o professor falou da importância da região da Baixada para o escoamento da produção aurífera de Minas durante o século XVIII. Desde então, passei a procurar outros textos que falassem a respeito.
A gente olha para os bairros e não pensa em como eles se tornaram o que são hoje. Parece que só tem passado o centro histórico do Rio, com seu casario antigo. Se não fosse essa reminiscência do passado, talvez ninguém parasse para se perguntar como era antes e como se tornou o que é hoje. Assim acontece com a região de Nilópolis, Nova Iguaçu, Mesquita, Belford Roxo e tantos outros municípios que compõem a Baixada Fluminense e outros bairros do subúrbio do Rio de Janeiro. Na Baixada a coisa é mais grave pois a imagem que se tem é de violência, pobreza e corrupção, o que não é mentira, mas também não é a única verdade. É como se todos esses problemas fossem naturais e endêmicos a região e seus habitantes, ignorando que há todo um processo por trás da existência de tais problemas, um processo com fortes motivos políticos e econômicos que vão além dos limites geográficos da Baixada.
Voltar o olhar para o passado dessa região é importantíssimo para compreender como ela se tornou o que é hoje e também para atribui-lhe um outro significado muito mais complexo e intrigante que aquele que lhe é conferido pelas páginas policiais dos jornais e tablóides; ou pelo que diz o senso comum. É recontando a história do lugar, enfatizando essa complexidade, buscando referênciais do passado da região, que se chega a um outro fator importante que é a formação e valorização de uma identidade coletiva, a sensação de pertencimento, valorização e respeito a um determinado lugar, sem rótulos, sem estigmas.
Nesse processo a história é fundamental pois vai buscar no passado subsídios para resignificar o presente (atendendo a uma necessidade da socieadade no próprio presente); e a identidade coletiva, longe de ser uma camisa de força, como muitos podem pensar, ou um elemento fragmentador é, na verdade, um fator importante na construção da cidadania, mas a cidadania consciente e engajada.

* Recomendo a quem quiser ler mais sobre memória e história o livro Memória e história: a problemática dos lugares, de Pierre Nora.

Imagem: Capela de São Mateus, Nilópolis, erguida em 1635.


2 comentários:

Carla S.M. disse...

Assim não vale... me deixou com água na boca para saber mais! :)

Romanzeira disse...

Oi Carlar! É que não estou com muito tempo para sistematizar e escrever - estou estudando muito! Mas vou postar depois um pouco do conteudo do curso.

Ah, estou acompanhando a discussão sobre a MPB, ou MCB (rs...) no blog do Argonalta. Menina, só sei de uma coisa, não gosto da Ana Carolina cantando nada, nem mesmo Beatriz (pretenciosa mesmo!) e Luiza. A música que me incomoda menos é Retrato. Ela é muito chata com toda aquela gritaria.