1.12.07

Barbarie...

Faz hoje uma semana que saiu no Globo o caso da menina acusada de roubo no Pará que ficou trancada por 45 dias numa cela junto com vários homens. A, diga-se de passagem menor (15 anos), contou que foi estuprada e obrigada a manter relações sexuais com os presos, em troca de comida.
Primeiro, independente de ser menor, é um absurdo trancar uma mulher com vinte homens, numa cela. Ninguém sabia de nada? Ninguém podia fazer nada? Não há autoridade jurídica que possa dar jeito no caso? Os responsáveis se omitem dizendo que não havia outra cela, que não sabiam que era menor. Então se não é menor pode? quando a moça foi solta mandram que ela sumisse, o caso so tomou as proporções que tomou porque a probre coitada ao inve´s de fugir, denunciou o caso. Fico pensando se essa não é uma prática comum no Pará, e quem sabe, até aqui no nosso Rio.
Acho que essa história, passada essa semana e mais outra, acabará em nada. Os responsáveis, e as responsáveis, serão apenas afastados, talvez expulsos da corporação policial, mas eles têm seus contatos. Ninguém vai em cana. Que algume tempo depois essa pratica desumana e ediconda será retomada sem que nada aconteça. Não admira que de repente alguém resolva o caso por seus próprios meios, sabe, aqueles meios que imperam em regiões onde não há lei e por isso cada um resolve seus problemas da forma que lhe é mais conveniente. Não os culpo. Quem foi humilhada, não apenas por ser estuprada por um monte de homens durante mais de um mês, mas por que o fato foi banalizado e no fim das contas a culpa e da vítima, só quem passa por isso é que sabe o que é.
Hoje estava lendo o artigo a respeito, escrito pelo Zuenir Ventura, no Glogo. Ele se pergunta se casos hediondos como esse só acontece no Pará. Não, acontece bem de baixo do nosso nariz. Há algum tempo aconteceu um caso igualmente hediondo aqui no Rio, na baixada. Uma garota de 14 foi obrigada a manter relações sexuais com outros 4 rapazes, todos menores, enquanto era espancada e tudo isso foi filmado por um celular e distribuído para toda a escola onde a garota e os rapazes estudavam. Eram colegas, conhecidos.
Quando mais o tempo passa percebo que as pessoas estão mais barbaras. Houve punição para esse caso? Haverá punição para o do Pará? Duvido, duvido muito. Duvido de todo o sistema jurídico. Não adianta existir leis quando ninguém as leva a sério, é do tipo, para inglês ver. Não adianta existirem leis que os responsáveis por cumpri-las simplesmente se omitem, ou eles proproios estão comentendo crimes. Não adianta existir leis enquanto toda uma sociedade mantiver uma postura de panos quentes, de abafa o caso, quando houver condescendencia com estupradores e principalmente com as autoridades que se omitem.

4 comentários:

Lucia Miler disse...

Viviane, infelizmente isso deve ser muito comum, inclusive em grandes cidades. Não tenho palavras para descrever a bizarrice deste ato. Foi nojento, foi escroto, foi o apocalipse.
Um abraço.

Zerfas disse...

Caraca Vivi!
Você tem toda a razão!
Acho que no Brasil devia terumas leis do tipo que tem nos paises mulçumanos. Neste caso deveria cortar os pintos desses caras.
Pra bandido corta a mão, se roubar de novo corta a outra. Se for de colarinho branco .. manda colocar trabalhando num valão de lixão e que peque todo o dinheiro do cara e dsitribua pela população. Isso ainda seria pouco. Mas acho que só mostrando exemplos reais de tortura que essa pessoas vão entender que a DOR MOral é maior que a dor fisica é essa não tem dinheiro do mundo que pague.
O BRASILEIRO HJ È UM POVO QUE ANDA SEM MORAL!
Nem ditadura nem policia e nem militar e nem leis vão fazer que cada individuo desses apreender que são igual ao outro, éo que ele comete contra um ele comete contra todos!
Valeu VIVI!!
to meio radical hj...

Viviane disse...

Olha, Ester, eu acho que as instituições públicas encarregadas de formular e aplicar as leis, não tem o direito de usar de violência ou tortura com quem está sob sua custódia. Entretanto acho que as leis deveriam ser mais rigorosas e realmente aplicadas. Esse é o principal problema, as leis não são levadas a sério. Aqui nesse pais, ninguem leva a justiça a sério, porque ninguem se vê contemplado por ela. No fim das contas não há justiça - ou melhor, há somente quando o crime mexe com a propriedade privada, e mesmo assim, quem tem grana e influência sempre sai na frente (nesses casos um arranham vira fratura exposta, um acidente, vira tentativa de homicídio e quem se fode é o lado mais fraco).
O crime de estupro é uma polêmica maior ainda pois mexe com uma questão cultural que é a violência contra a mulher. Então existe uma lei no papel, que pune quem agride e viola uma mulher, mas o encarregado de fazer cumprir a lei, na pratica caga e anda pra ela,porque não toma isso para si, pois é o primeiro a viola-la, seja diretamente ou por omissão, simplesmente porque não vê crime a ser punido. Sacou?
Não adianta lei no papel, se não se leva a sério, se existe gente achando normal juntar mulher com um bando de homem em uma cela, enquanto tem gente achando normal a revista de presas (na qual a mulher tem de ficar nua) ser feita por homens - pois é, um delegado aqui do Rio (veja bem, não é interior, não, é Rio, capital) disse isso para a imprensa, li hoje numa crônica de um jornal de semana passada.
Isso tem de parar! As leis devem ser formuladas e, de fato, aplicadas, com rigor e bom senso.

Sâmia disse...

Na Espanha, me chamou muito a atenção a quantidade de campanhas do governo ou de instituições sobre a violência contra a mulher. No dia 25 de novembro, Dia Mundial de Luta Contra a Violência
à Mulher, estava em Madrid e descobri que a violência de gênero vem aumentando no país tendo como vítimas, cada vez mais, mulheres imigrantes. Quando cheguei ao Brasil soube do caso desta garota no Pará. Sempre soube de muitos outros casos. Nunca vi, aqui, uma mobilização social para acabar com esse tipo de maus tratos como a que vi na Espanha. Não acho que seja um país melhor que o nosso, pelo contrário: lá, como aqui, é uma bosta de país. A diferença é que eles se preocupam em cuidar das mulheres que têm. Nós não.